quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Despedida

Escrevo hoje o meu último artigo neste jornal. O leitor provavelmente pensará que estou certamente a mentir para o prender à leitura, mas não, este é verdadeiramente o meu último artigo. E é o último, pois sei que a esta hora – momento em que o leitor lê este artigo – estarei no desemprego. O motivo, pergunta o leitor, é o conteúdo deste texto.
Estou sentado no meu quarto a escrever, e escrevo porque tenho febre, tal como Álvaro de Campos a tem. Mas a minha febre é outra, é uma febre que expulsa nojo em vez de suor, nojo desta sociedade que tudo e todos critica, sem sequer se lembrar que ela própria tem um enorme telhado de cristal, sim cristal, pois o vidro não é material digno da mais alta sociedade portuguesa. E a sociedade critica, e a sociedade ri a bom rir, sem imaginar que ela é o maior alvo da chacota. Talvez “imaginar” não seja a palavra mais apropriada, a sociedade imagina, até porque imaginação é coisa que não lhe falta, mas falta-lhes alguém que a lembre disso, que lhe lembre que a fruta está podre e a época de nova plantação está longe. O grande problema é que quando alguém aparece a lembrar à sociedade o problema da fruta, esta grita alto “Legumes”, para que todos possam ouvir e ver que a sociedade está bem e recomenda-se. A podridão está em quem tem febre causada pelas “máquinas”… Bravo! Mais uma vez a razão está nesta fabulosa sociedade, nas máquinas a trabalhar com força selvagem! Eia, eia, eia!

1 comentário:

  1. muito bem defendido XD
    ainda dizes tu que não tens jeito para a escrita.
    tinhas motivos para estar fixado no pc a passar este texto :)
    ta muito bom! Bjos

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