O que mais adorava ver, todos os dias ao olhar pela janela, era uma vista diferente. Não queria que a paisagem fosse a mesma por mais do que um dia. Adoro descobrir coisas novas, ver mundos novos, sentir novos odores e ouvir novos sons. Perder-me para lá da janela. E a razão pela qual eu não queria que a paisagem fosse a mesma por dois dias seguidos, é muito simples. Porque só assim poderia dar o verdadeiro valor, à beleza que cada paisagem tem para oferecer.
É incrível o facto de vivermos anos numa cidade e não dar-mos valor a coisas, para nós insignificantes, que enchem cartões de memória de máquinas de turistas! O facto de a paisagem não mudar na sua base, na sua essência, faz com que acabemos por coloca-la como mais uma coisa banal nas nossas vidas, algo com o qual nós temos de lidar todos os dias. Isso está errado, mas não entanto é a realidade da grande maioria de nós, 24 horas por dia, 7 dias por semana. E quando viajamos, somos nós os turistas que enchem cartões com banalidades da vida de outras pessoas, de outras vidas, que, tal como nós, deixaram de dar valor ao que há para lá da janela...